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terça-feira, setembro 29

Psiquiatras 

O actual momento político faz-me lembrar este sketch (que começa aos 0:56)...


Roger Tsien: lições de um Nobel ou, contra toda a cagança 




Roger Tsien foi prémio Nobel da Química no último ano. O prémio foi-lhe atribuído pela descoberta da gfp (green fluorescent protein) uma proteína que faz com que alguns peixes, os jellyfish, sejam luminosos. A descoberta revolucionou a biologia celular e a neurobiologia já que a sua utilização permite “ver” acontecimentos ao nível da célula. Tudo isto dito de uma forma grosseira. No WMIC de Montreal, Roger Tsien proferiu uma magistral lição inaugural. Esperar-se-ia que de seguida fosse transportado qual Abraracourcix e fosse gozar a sua glória para outro sítio. Em vez disso, Roger esteve em todas as conferências, como qualquer um de nós, a tirar apontamentos sem cessar, a fazer perguntas, com a humildade que teria um dos últimos alunos. Numa das tardes eu estava sentada num banco do corredor e ele ao lado a trabalhar no seu laptop, aproximou-se um rapaz novo e disse-lhe da admiração que lhe tinha e como tinha apreciado a sua lição, pediu-lhe se lhe podia disponibilizar os slides. Ao que Roger Tsien respondeu, com todo o prazer, deixe-me o seu email que eu envio, receio é que os filmes possam não funcionar. Assim, simplesmente. Roger Tsien, uma lição para a vida.


sexta-feira, setembro 25

Acesso ao Ensino Superior 2009 (parte 1) 

Tem havido um aumento significativo de ingressos no ensino superior, mas as colocações continuam a espelhar o nosso atraso cultural. Cursos com saída quase nula e com o mercado saturado, como arquitetura, psicologia, antropologia, sociologia e direito, por exemplo, continuam a ter carradas de candidatos e vagas. Os cursos ligados à saúde continuam a ser os mais procurados, o que é aparentemente normal pois diz-se (e se calhar é verdade em termos concretos, mas talvez não estatísticos) que faltam médicos. O que não é normal são as dezenas de cursos que têm a saúde ou a biomedicina como chamariz. Em alguns casos parece mesmo um esquema em pirâmide: o único emprego até poderá ser formar mais pessoas com a mesma formação...

Em contrapartida há formações superiores de que o país tem falta, mas que não preenchem as vagas. Digo que o país tem falta, mas isso não é assim tão claro. Veja-se, por exemplo a química que é uma formação de banda larga. São formados carradas de licencidados e mestres em cursos que têm alguma coisa a ver com a química, como farmácia e engenharias. Algumas destas pessoas vão acabar por realizar as actividades que deveriam ser realizadas por químicos, mas como não são especialistas não têm a produtividade e capacidade de inovação que seriam desejáveis; as instituições e empresas em que se inserem acabam por se dedicar a burocracias e rotinas, processos antiquados, conversa fiada e arremedos tecnológicos para inglês ver. E assim até parece que nunca precisaram de especialistas; qualquer pessoa servia. Mas isso não é verdade: os especialistas fazem falta. Se as nossas empresas inovam na engenharia ou na informática é porque temos especialistas. E se as nossas empresas farmacêuticas pouco inovam é porque têm poucos especialistas em química. E não se julge que se pode inovar em energias renováveis e combustíveis alternativos sem os químicos. Tal como não se pode inovar na indústria extractiva sem químicos e geólogos.

Aliás, parece que isso não acontece só com os químicos. Os engenheiros biomédicos, por exemplo, tomam o lugar dos físicos e engenheiros físicos que quase não há. E também pode acontecer o contrário, os biólogos, que há às carradas, a tomarem o lugar dos biólogos marinhos e dos diplomados em ciências do mar. Ou seja, isto não parece ser linear nem fácil de organizar...

terça-feira, setembro 22

A síndrome de Tourette de Sócrates 

"Sócrates requer abertura de processo contra jornalista João Miguel Tavares",
mas
"Nem só de pão vive o homem, senhor engenheiro".

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sexta-feira, setembro 11

Cantigas 

"É de elementar justiça dizer-se que o actual Governo é um dos que menos interferiram com a comunicação social que dele depende."
[...]
"Nunca a informação das estações públicas de rádio e de televisão teve tanta qualidade e tanta isenção e imparcialidade como hoje."

António Marinho e Pinto (Bastonário da Ordem dos Advogados), Jornal "Público", hoje.

terça-feira, setembro 1

Viagem ao futuro 

No passado Domingo deliciei-me a ver um filme em que um dos personagens é um Conde que vive em 1876 (?) e é, inadvertidamente, trazido para os nossos dias. O filme gira em torno do intemporal tema do amor e da forma como encaramos as nossas vidas face às contingências dos nossos tempos. O dito personagem (Leopold) regressa ao seu tempo não sem antes ter experimentado realidades que nos são quotidianas, desde o telefone, ao microondas, etc. Percebe-se que após o seu regresso viverá uma vida feliz e que terá um grande impacto na sociedade da altura, quiçá consequência da sua "viagem ao futuro".
Confesso que a minha capacidade de análise cinéfila deixa muito a desejar: é que para mim é (quase) sempre um divertimento ver um filme e muitos dos pormenores que podem distinguir um bom de um mau filme passam-me despercebidos. Também não tenciono tornar-me crítico de cinema e também não é isso que inspirou o presente texto. A questão em que fiquei a pensar é quantos de nós teriamos a capacidade de alterar, melhorar, enfim ter impacto na sociedade, se nos fosse dada a oportunidade de visitar o futuro?

Imaginemos, então, o nosso crononauta a saltar para daqui a, digamos, 30 anos, regressando pouco depois. Que capacidades deveria ter para que depois do seu regresso conseguisse implementar coisas que tinha visto ou simplesmente que ajudasse a evitar acontecimentos nefastos?
A idade afigura-se como algo a ter em consideração: alguém muito novo não teria a experiência, o conhecimento e o discernimento para perceber a nova realidade que avistaria. Alguém muito idoso não teria (?) no regresso a vontade, o empenho e a força vital de tentar "mudar o mundo"! Mas o conhecimento também jogaria um papel importante. Parece-me que um néscio aproveitaria pouco...
Assim, creio que um jovem com sólidos saberes poderia ser o indíviduo que deveriamos enviar!

Estas questões assaltam-me muitas vezes mas sob outra forma. Na realidade todos nós somos viajantes do tempo, obrigados a seguir em direcção ao futuro. É por isso que quando penso em educação não consigo afastar-me da ideia de preparação dos alunos para daqui a 10, 20 ou 30 anos. Quais são os saberes que se devem transmitir que farão a diferença? Quais são os conhecimentos de que devemos dotar os nossos jovens para que se/quando tiverem um vislumbre do futuro possam alterar o rumo do mundo. O que deve um jovem aprender hoje que permaneça válido durante o tempo em que trabalhar?
Entristece-me que as discussões da educação se centrem muito sobre o presente, algo sobre o passado e demasiadas vezes sobre os umbigos... O chavão é "educar para o futuro" mas estaremos nós em consciência e com a profundidade que se exige a questionar se realmente estamos a preparar os nossos alunos para o futuro? E que futuro?
Será que o sucesso que se tem procurado contribui para que o "mundo pule e avance"?
Temo que os nossos crononautas estejam a ser paulatinamente limitados à contemplação do avanço dos outros muitas vezes sem atingir o alcance total da realidade...

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